Memória: Como se fosse a primeira vez

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Uma da coisas mais impressionantes que o nosso cérebro faz é criar memórias. Elas nos permitem aprender coisas a partir das nossas experiências e predizer eventos do futuro. No cotidiano, dificilmente, paramos para pensar em como esse nosso órgão,
conhecido como cérebro, é capaz de reter informações tão detalhadas e abstratas quanto um som, um cheiro, a letra de uma música ou uma equação matemática.

Como funciona a memória

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Já ficamos tão acostumados a lembrar de tanta coisa que nem paramos pra pensar na importância dessa capacidade. Mas tente imaginar como seria viver sem ela. Um exemplo que nos ajuda a ter uma noção disso foi o caso de Clive Wearing. Clive era um músico britânico que teve a infelicidade de desenvolver uma encefalite viral. A encefalite costuma resultar em danos cerebrais consideráveis e sabemos que, quase qualquer, dano cerebral pode impactar a aprendizagem das pessoas. Mas a depender da área cerebral danificada, o prejuízo pode ser drástico. Infelizmente, isso aconteceu com o Clive e isso o tornou um escravo do seu presente.

A encefalite fez com que Clive perdesse a sua capacidade de criar novas memórias sobre seu presente recente. Depois que alguns minutos se passavam Clive tinha a sensação de que tinha acabado de recuperar a sua consciência, como se tivesse acabado de sair de um coma. Durante anos, Clive tinha essa sensação repetidamente, nunca conseguindo lembrar o que tinha acabado de acontecer. Se, por exemplo, a sua esposa entrasse no quarto dele Clive recebia sua amada calorosamente, como se não a visse há muito tempo. E bastava ela sair por alguns minutos e voltar para que ele tivesse uma reação, praticamente, igual a que tinha acabado de ter minutos antes.

A sua memória sobre o seu passado mais distante ainda estava preservada embora não em mínimo detalhes.  Ele sabia quem ele era, por exemplo. Mas não conseguia lembrar muita coisa sobre um compositor chamado Orlando Di Lasso.  Embora, anos atrás, ele tivesse escrito um livro inteiro sobre esse compositor. Mas mais estranho ainda era o fato de que suas habilidades musicais tinham permanecidas intocadas pelo que aconteceu.  Ele era capaz de ler a partitura de música e tocar o seu cravo tão bem quanto antes. O aprisionamento no presente de Clive trouxe vários prejuízos para ele.

Ele, por exemplo, não se interessava mais por livros ou pelos acontecimentos no mundo. Já que minutos depois, ele mal lembraria
do que tava lendo ou que ficou sabendo. Viver sem memórias pode ser realmente devastador. Os últimos 100 anos de pesquisa na psicologia e na neurociência nos permitiram acumular vários conhecimentos sobre o que são memórias e como elas são formadas. Podemos entender a memória como uma capacidade do cérebro de reter informações ao longo do tempo. Sabemos que existem diferentes etapas para que uma nova memória seja criada. As três principais etapas são:

  • Codificação
  • Armazenamento
  • Recuperação

E várias coisas podem afetar cada uma dessas etapas de um jeito particular mas deixar as outras etapas intactas. Na “codificação”, informações sensoriais e simbólicas são interpretadas e associadas com as nossas próprias memórias prévias depois disso, o cérebro pode reter essas informações ao longo do tempo e posteriormente recuperar essas informações quando isso for necessário. No cérebro, muitas redes neurais estão envolvidas em todas as etapas da memorização. Mas algumas são especialmente importantes: O “hipocampo” é uma das áreas mais importantes na regulação da memória, especialmente para que novas memórias se consolidem e durem a longo prazo.

O cerebelo também é essencial para aprendermos novas habilidades tais como dirigir um carro ou aprender um novo passo de dança e as “amígdalas” estão diretamente envolvidas com a codificação e recuperação de memórias afetivas como as memórias que você tem sobre algo que te dá medo.  Dizemos também que existem diferentes tipos ou sistemas de memória. Tais como memórias episódicas, semânticas, procedurais e muitas outras.  Mas esse é um assunto que merece um artigo separado.

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